Uma mulher de 28 anos teve de ser hospitalizada nessa sexta-feira (3) após a sirene da barragem Minas-Rio, da Anglo American, ser acionada de forma equivocada em Água Quente, distrito de Conceição do Mato Dentro. Laudyene Helen Monteiro, que tem problemas respiratórios, passou mal depois de correr para fugir do local em que o toque de emergência foi realizado.
"Passei muito mal depois que a sirene tocou. Tive uma crise de asma forte com muita falta de ar, o socorro veio depois de quase uma hora para me socorrer. Fiquei muito ruim, precisei ser colocada no oxigênio, a respiração caiu muito. Foi bem ruim, foi um aperto que passei e pretendo não passar mais. Cheguei à beira da morte, corri porque a sirene tocou. Entrei em pânico, em tempo de sofrer um trem porque eu não aguento correr muito por causa dos problemas de saúde que eu tenho", afirmou Laudyene.
A dona de casa recebeu alta durante a madrugada e disse que a Anglo American só a levou para a emergência, não prestando nenhum tipo de ajuda fora a ambulância. "Depois de uma hora que a ambulância veio me socorrer, mas tirando isso nada, porque até agora não veio aqui para saber como estou. Tive que comprar muitos remédios por causa do meu problema, fiquei muito ruim. Ajudaram só nesse sentido mesmo", declarou.
Até o momento a Anglo American não se manifestou sobre a moradora hospitalizada. Entretanto, a empresa enviou representantes até a casa da dona de casa e prometeu disponibilizar as medicações necessárias.
Ainda nessa sexta-feira, em nota, a Anglo American disse que o acionamento não foi feito pela Sala de Controle da empresa e que a barragem está "segura, sem alterações na estrutura”. "Durante a semana, foram feitas inspeções e monitoramentos de segurança que não detectaram anomalias", diz nota da empresa.
A mineradora informou que a equipe responsável pela manutenção das sirenes está investigando as possíveis causas do toque. Entre as possibilidades está raios que caíram durante chuva na região.
Insegurança
Apesar da mineradora garantir a segurança da barragem, os moradores vizinhos passam a viver com um medo ainda maior. Laudyene disse que depois de ter alta do hospital, durante a madrugada deste sábado (4), não conseguiu dormir. "Minha preocupação com a barragem cada vez aumenta. Como sou asmática, sinto muita falta de ar, dificuldade para correr e até em casa não consigo fazer exercício por causa da doença, a gente fica com medo da barragem. Ontem aconteceu isso eu já fiquei nesse estado, não aguento correr por causa do problema de saúde, a gente não dorme de noite", afirmou.
A dona de casa disse que a filha, de sete anos, também se sente insegura. "Ela fica morrendo de medo da barragem, perguntando o que vamos arrumar se a barragem romper. Então fica difícil porque nem eu consigo dormir direito nem minha filha. Eu com meu problema, além de eu não conseguir salvar a minha vida eu não consigo salvar nem a vida da minha filha porque eu não aguento correr nem pra mim. Então fica difícil, cada vez mais aumenta a preocupação da gente, principalmente essa época de chuva, a gente não dorme de noite", declarou.
A cozinheira Ludmila dos Santos Neves, 35, disse que a comunidade não está tranquila porque a empresa não soube afirmar "com certeza a causa do acionamento da sirene". "Então mesmo eles dizendo que possivelmente foi uma descarga, não nos tranquilizamos pois não temos certeza e nem confiança nas palavras da empresa. Pediram desculpas, disseram que iriam investigar o que houve, mas nem eles sabiam que a sirene poderia emitir esse som porque o som dos simulados é diferente do que ouvimos ontem e eles não tinham nenhuma explicação concreta do ocorrido", afirmou Ludmila.
Segundo a cozinheira, a Anglo American não apareceu no distrito neste sábado para atualizar os moradores sobre o ocorrido.
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